POEMA DO PALADINO CANSADO
Meu coração é bandeira branca hasteada
a tremular em forte vento,
presa a mastro que olha pro mar:
amplidão das esperas.
Não tenho símbolos
ou conto histórias,
sinais de riquezas
ou marcas de glória,
apenas um coração que espera,
invisível,
tentado a brutalizar-se,
a tornar-se ordinário,
insensível,
vagabundo...
Já fui águia branca
de vôo silente,
de olhos precisos
e coração independente...
Ave impiedosa,
racional,
inatingível,
sem sentimentos,
sem emoções....
Hoje sou um coração que suplica,
branca bandeira que treme e tremula
ao mar que murmura,
levando e trazendo
lembranças doridas:
PAZ, PAZ, PAZ.....
NOTÚRNIA
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
quarta-feira, 2 de maio de 2012
UM SONHO FEBRIL
Febre.
Febre - da - tristeza.
Convulsões frenéticas.
Ânsias e suspiros.
Vapores sobem ao ar infesto
formando arabescos,
docéis e platibandas,
nichos e fachadas,
portas e varandas.
Arde.
Arde até desfalecer.
Falece.
Falece até se esvair.
Se esvai.
Esvai até o precipício.
De lá contempla os horizontes
de um outro infinito.
Um infinito interior.
Interior infinito,
de interno teor,
teor insondável.
Mar retirado,
além - mar do além - mar
ainda não cartografado,
de línguas jamais ouvidas,
porque puras e santas.
Lá nesta terra foi deixado
um coração de olhos nublados,
que ainda espera na beira da praia
o regresso da nau partida.
Rosa selvagem.
Filha sem mácula.
Eva saudosa.
Pássaro triste.
Por entre as névoas
sombra bisonha,
qual a de um ébrio,
toma contornos
de vivo humano.
E os olhos nublados
raiam o dia,
o dia esperado,
ao verem nas formas
do náufrago bêbado
o amor esperado...
domingo, 22 de abril de 2012
UMA PRECE À NOITE
Como é belo o silêncio da noite!
Bendita criação,
bendita treva precursora
daquilo que espera o coração.
Vem, oh dama, recolher-me
em teus braços de abrigo,
no teu leito balouçante,
que balança à tua brisa!
Canta as tuas cantigas
na lascívia de tua voz
ou na candura com que cantam
as mães quando somos criancinhas.
Aquieta a minha mente,
traz sossego ao coração,
consola com teus perfumes
minha cansada razão.
Deita aqui do meu lado,
guarda -me em ti
bem apertado
até sermos um só
E quando chegar o dia,
a tua revelação,
também vou transfigurar-me
junto com a criação.
quinta-feira, 19 de abril de 2012
VERSOS DE UMA SAUDADE!
Transborda de mim a saudade,
em versos efusivos,
de espaço que transborda do espaço
aumentando as distâncias.
Quero o bem que eu tinha,
não aquele que eu queria ter,
o bem idealizado
que se desvaneceu
com o Sol da verdade.
A luz deste Sol não traz certezas.
Traz a dúvida.
Traz alertas.
O que é certo?
O que é verdadeiro?
Reclama - me o Sol o meu olhar!
Nunca mais fitei meus olhos na beleza que não passa!
Nunca mais deixei que me enlevase,
que saciasse a minha alma!
Por isso vivo a morrer de sede,
cambaleando, ando a morrer de fome,
e delirando, busco vis ilusões,
que não preenchem esta metade.
em versos efusivos,
de espaço que transborda do espaço
aumentando as distâncias.
Quero o bem que eu tinha,
não aquele que eu queria ter,
o bem idealizado
que se desvaneceu
com o Sol da verdade.
A luz deste Sol não traz certezas.
Traz a dúvida.
Traz alertas.
O que é certo?
O que é verdadeiro?
Reclama - me o Sol o meu olhar!
Nunca mais fitei meus olhos na beleza que não passa!
Nunca mais deixei que me enlevase,
que saciasse a minha alma!
Por isso vivo a morrer de sede,
cambaleando, ando a morrer de fome,
e delirando, busco vis ilusões,
que não preenchem esta metade.
quarta-feira, 18 de abril de 2012
SUSPIROS DE UM PEREGRINO
Ando enfastiado deste alimento.
O Maná sacia o ventre,
mas não mata
a fome do coração.
Ando cansado
desta velha rotina,
de saciar estas feras
e arder com o sol.
Caminho atrasado,
sem ser pra ninguém
senão este óbvio
sinal do que devo.
Dormir
já não descansa meus olhos,
nem alivia minha mente,
tampouco o corpo pesado
que minhas pernas carregam.
Quero sair de mim,
ver novos horizontes
e encontrar ermida
onde possa hibernar!
Quero deixar na terra
esta figura velha;
o novo que é vindo
reclama que acabe
esta alongada espera!
O Maná sacia o ventre,
mas não mata
a fome do coração.
Ando cansado
desta velha rotina,
de saciar estas feras
e arder com o sol.
Caminho atrasado,
sem ser pra ninguém
senão este óbvio
sinal do que devo.
Dormir
já não descansa meus olhos,
nem alivia minha mente,
tampouco o corpo pesado
que minhas pernas carregam.
Quero sair de mim,
ver novos horizontes
e encontrar ermida
onde possa hibernar!
Quero deixar na terra
esta figura velha;
o novo que é vindo
reclama que acabe
esta alongada espera!
QUISERA!
Quisera beijar-te até morrer,
em um êxtase branco,
numa sinestesia
que não se entende:
se vive.
Quisera sorver teu sabor devagarinho,
como quem sorve mel de bom néctar,
como quem toma bom vinho,
sem pressa de vida,
temores ou culpa.
Vivo a sofer de sede,
cambaleando de fome,
palpitando de saudades,
sentindo o frio daqueles
que já não têm abrigo.
Caminho por estrada
que não parece ter fim,
sem consolo, sem alento,
teimando na fé,
cultivando esperanças,
sonhando com o éden perdido.
Caminho como o peregrino do deserto,
em busca de um oásis,
delirando de saudades
no calor da solidão.
As vezes peço a Orfeu:
que me deixe nos sonhos,
que me prenda nos campos;
nos verdes campos
em que vivo contigo.
Quisera ficar para sempre
nos Campos Elísios
a sorver teu sabor devagarinho
como quem sorve mel de bom néctar,
como quem toma bom vinho,
sem pressa de vida,
temores ou culpa.
em um êxtase branco,
numa sinestesia
que não se entende:
se vive.
Quisera sorver teu sabor devagarinho,
como quem sorve mel de bom néctar,
como quem toma bom vinho,
sem pressa de vida,
temores ou culpa.
Vivo a sofer de sede,
cambaleando de fome,
palpitando de saudades,
sentindo o frio daqueles
que já não têm abrigo.
Caminho por estrada
que não parece ter fim,
sem consolo, sem alento,
teimando na fé,
cultivando esperanças,
sonhando com o éden perdido.
Caminho como o peregrino do deserto,
em busca de um oásis,
delirando de saudades
no calor da solidão.
As vezes peço a Orfeu:
que me deixe nos sonhos,
que me prenda nos campos;
nos verdes campos
em que vivo contigo.
Quisera ficar para sempre
nos Campos Elísios
a sorver teu sabor devagarinho
como quem sorve mel de bom néctar,
como quem toma bom vinho,
sem pressa de vida,
temores ou culpa.
sexta-feira, 13 de abril de 2012
POEMA CRÔNICO III - O CONTEMPLADOR DE TEMPESTADES
Sou o contemplador de tempestades,
tenho sempre os olhos cheios de encanto,
vejo beleza onde ninguém a enxerga,
tenho meu prazer em entender o "caos"!
Nem toda ordem é entendida por todos.
Nem todo mundo é entendido pela ordem.
Nem todo entendimento é alcançado
pela ordem de todos.
Eu vi a beleza daquela que passou,
senti a desordem que sua beleza me causou,
nasceu em mim o desejo de apreender
o mero reflexo que consegui captar.
Oh rica tempestade! Oh rico turbilhão!
O contemplador é feliz
porque nela encontra mil mundos,
mil ângulos, o todo,
as partes, os perfumes,
os sabores, os humores,as canções,
o ódio, os amores e as ilusões:
névoas, sombras, delírios, moções!
Na tempestade há mil portas
para quem sabe enxergar!
Triste é o míope que não quer,
o ceticista convencido
e os acometidos de normose.
Fiz amizade com o caos,
o traí e transformei-o em ordem.
Fiz amizade com a ordem
e ela me traiu me devolvendo o caos.
Na tempestade há mil vozes que conversam,
redes inúmeras que se conectam
buscando consenso,
acertando nexos,
possibilidades
novas e inéditas.
Falam mil línguas em completa harmonia,
mil idiomas, mil fonemas, mil gramáticas,
mil expressões que o ser do humus só percebe
porque lhe afagam com carinho os ouvidos.
Como é bom na tempestade ser pequenino.
Não é vergonhoso, na mão de Deus, ser um menino.
Como é bom subir, degrau por degrau,
colhendo as lições que nunca se acabam.
tenho sempre os olhos cheios de encanto,
vejo beleza onde ninguém a enxerga,
tenho meu prazer em entender o "caos"!
Nem toda ordem é entendida por todos.
Nem todo mundo é entendido pela ordem.
Nem todo entendimento é alcançado
pela ordem de todos.
Eu vi a beleza daquela que passou,
senti a desordem que sua beleza me causou,
nasceu em mim o desejo de apreender
o mero reflexo que consegui captar.
Oh rica tempestade! Oh rico turbilhão!
O contemplador é feliz
porque nela encontra mil mundos,
mil ângulos, o todo,
as partes, os perfumes,
os sabores, os humores,as canções,
o ódio, os amores e as ilusões:
névoas, sombras, delírios, moções!
Na tempestade há mil portas
para quem sabe enxergar!
Triste é o míope que não quer,
o ceticista convencido
e os acometidos de normose.
Fiz amizade com o caos,
o traí e transformei-o em ordem.
Fiz amizade com a ordem
e ela me traiu me devolvendo o caos.
Na tempestade há mil vozes que conversam,
redes inúmeras que se conectam
buscando consenso,
acertando nexos,
possibilidades
novas e inéditas.
Falam mil línguas em completa harmonia,
mil idiomas, mil fonemas, mil gramáticas,
mil expressões que o ser do humus só percebe
porque lhe afagam com carinho os ouvidos.
Como é bom na tempestade ser pequenino.
Não é vergonhoso, na mão de Deus, ser um menino.
Como é bom subir, degrau por degrau,
colhendo as lições que nunca se acabam.
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