segunda-feira, 15 de junho de 2009

Canto mavioso

Vinho,
amargo vinho,
destilo e bebo,
embriago-me
e sonho.

Lira,
argêntea lira,
de cordas sete,
eu toco e canto.

Um canto mavioso,
que me agrada,
me degreda,
me aparta

Ao desterro que fiz terra,
do descanso,
do refúgio,
do abrigo.

sábado, 6 de junho de 2009

MARCAS

Toda lembraça que surge
vem de uma marca deixada,
embora esqueça-se a mente,
no âmago do vivente,
fica a marca gravada.

No movimento do mundo,
no universo que gira,
não há coisa ou ser,
que não imprima nas almas
particular impressão
que a abertura permita.

Aqui estão os perfumes,
as sensações e os toques,
os sons, os choros e os risos,
as cores gestos e verbos.

Deixa passar quem quer ir,
também ao que necessita,
acolhe aquele que chega,
contempla os que transitam,

perdoa aos desatentos,
sorri com os elogios,
escuta sereno porém
os ventos agrestes que ferem.

Quem te marcou, bem ou mal,
embora tenha passado,
nunca partiu,
nunca morreu......

terça-feira, 2 de junho de 2009

VIAGEM

Colo de mãe,
sono de menino,
calor do seio amado,
lembrança de outrora.

Passos indecisos
corpo em exaustão,
sede e secura,
fome e inanição.

Coração que ora,
guturalizados prantos,
plavras inexprimiveis,
desejos certos.

Miragens e encantos
tontura e vertigem,
sono e morbidez,
mergulho no escuro.

Entrega,
doce entrega,
tudo tudo parece
que se desintegra,
chove e se dispersa

Reune e concentra-se
une e reintegra,
até que se perceba
a Nova primavera.