segunda-feira, 26 de outubro de 2009

INVERNO

Serena:
Um sereno interior,
que recolhe,
consterna
e faz adormecer.

Acalma:
A fresca viração,
o perfume do molhado chão
e os momentos trazidos de volta
como sonhos em sono cansado.

Dói:
o abismo entre pontos distantes,
das leis imutáveis, a ação:
justa, igual e inexorável.

Chovem:
as nuvens de fora,
as nuvens de dentro,
os olhos do homem
e os rios do peito...

domingo, 25 de outubro de 2009

OS CAVALEIROS

Seis cavaleiros,
marcha em compasso,
silêncio reinante,
madrugada fria,
cheiro de flores,
flores matutinas.

Estrada - rio
Estrada - contemplação,
correnteza invisível,
doce, terna e sensível.

Cantos sagrados,
ecoam nos vales,
preces e súplicas
sobem ao céu.

Ave - marias,
Salve - rainhas,
credos e glórias
e oras pro nóbis.

"Quem serão estes?
De ondem procedem?"
A cismar ficam
os traseuntes.

Dizem alguns:
" é o fim do mundo,
é o juízo
que começou".

Outros retrucam:
'são anjos bons
do Senhor Cristo,
Nosso Senhor."

domingo, 18 de outubro de 2009

BUSCA

Vivo contido
entre as distâncias,
e nelas arde meu ser,
que embora imenso,
muito ainda tem que aprender.

Sofro os conflitos,
que nunca me deixam,
embora caminhe
rumo ao destino
que a muito anelo.

Mas vou sozinho,
desde que foste,
amor querido
enquanto eu dormia.

Hoje vos busco,
em desejo sôfrego,
como viajante
em árduo deserto
buscando por água.

E aos ventos brado
meu grito sofrido,
nascido do âmago
do coração:

Fica comigo,
volta depressa,
traz o sentido
da minha vida,
oh vida do meu coração!

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

CLAUSURA

Clausura dada,
não escolhida,
de janelas doze,
abertas pro céu.

País estrangeiro,
saudades de casa,
que não se conhece,
porém se deseja.

É torre imensa
firmada na pedra,
tem sete escadas
e átrios, setenta.

Pro vento é flauta,
e a brisa lhe dá
acordes suaves,
perfumes pueris
e cantigas saudosas.

A alma cativa,
anela a partida,
imensa que é
ficar, pois, não pode
pra sempre contida.

terça-feira, 13 de outubro de 2009

MONDO MEO

Mundo pequeno,
um entre tantos,
e eu nem sabia
que era um mundo.

Se sinto - me nada
torna-se tudo,
e quando pequeno
torna-se ele imenso.

Tem doze janelas,
tem doze horizontes,
uma torre de guarda
e uma cidadela.

Uma princesa,
uma fera que ronda,
gentes amigas
e terras que encantam.

Canções de amor,
odes à Tersa,
fados plangidos
em cordas cardíacas.

É meu, tão só meu,
é âmago doce,
conforto, consolo,
alívio e bálsamo.