Pó da estrada,
passo esquecido,
culpa extrema,
perdoada, esquecida.
Fato corriqueiro,
coadjuvante do acaso,
transeunte qualquer,
de que não se ocupa
o que vai apressado!
Criatura invisível,
espectro vivo,
vê, sem ser visto,
o que nunca queria.
Chora à noite seu pranto,
lamento e angústia;
a vanglória que tinha
como névoa agradável
se desfez com o sol!
Hoje habita um jardim
cujas flores são mortas
e os frutos em broto,
mal nascidos, ali,
hoje têm seu jazigo.
Rega a tudo com lágrimas,
canta aos seres da noite,
galopa no vento em açoite
quando há tempestades.
Guarda ídolos mortos,
bens que a traça roeu
para servir como adubo
ao extinto vergel.
Numa vã tentativa
de ver de novo nascida
a vanglória escorrida
dentre os dedos seus!
domingo, 27 de dezembro de 2009
sábado, 26 de dezembro de 2009
ESCATOLOGIA PESSOAL
Vento uivante, soturno,
cavalga solto nas ruas.
Febre ardente, delírio,
à prostração conduziu.
A noite - breu escondeu:
o choro, o drama, a doença.
E os sentidos perdidos
adormeceram nas trevas.
O coração, no entanto,
que é brasa eterna e casa,
milhões de preces em súplica,
em doce incenso elevava.
E a luz em golpe tremendo,
ouvindo a voz suplicante,
às trevas torpes mandou
ao fim de sempre pra sempre!
cavalga solto nas ruas.
Febre ardente, delírio,
à prostração conduziu.
A noite - breu escondeu:
o choro, o drama, a doença.
E os sentidos perdidos
adormeceram nas trevas.
O coração, no entanto,
que é brasa eterna e casa,
milhões de preces em súplica,
em doce incenso elevava.
E a luz em golpe tremendo,
ouvindo a voz suplicante,
às trevas torpes mandou
ao fim de sempre pra sempre!
sexta-feira, 18 de dezembro de 2009
SOMBRA E LUZ
Sombra.
Uma sombra entre as árvores,
Sorrateiramente anda
pelos caminhos do que foi.
Vê e não é vista,
deseja mas não tem
caminha mas não chega,
vislumbra e não contempla!
Olhos,
olhos de colméia,
tenros qual o dia
de branda luz do sol
Alma,
cândida e luzídia,
pura, sem perfídia,
verdade irradia
qual sol em pleno céu.
Tem em si lembranças,
guarda-as com carinho,
alegra-se ao revê-las,
com olhos de criança.
Esquece-se da sombra,
a sombra não é luz,
perdeu-se, apagou-se,
no vácuo - esquecimento!
Uma sombra entre as árvores,
Sorrateiramente anda
pelos caminhos do que foi.
Vê e não é vista,
deseja mas não tem
caminha mas não chega,
vislumbra e não contempla!
Olhos,
olhos de colméia,
tenros qual o dia
de branda luz do sol
Alma,
cândida e luzídia,
pura, sem perfídia,
verdade irradia
qual sol em pleno céu.
Tem em si lembranças,
guarda-as com carinho,
alegra-se ao revê-las,
com olhos de criança.
Esquece-se da sombra,
a sombra não é luz,
perdeu-se, apagou-se,
no vácuo - esquecimento!
sábado, 12 de dezembro de 2009
A GATA
A velha sombra bateu em minha porta,
senti o seu ser antes que em mim chegasse,
estranhando esta vinda tão inexata:
sombras passadas não voltam atrás!
Veio vestida de gola e capuz,
em sobretudo bem impermeável,
nos passos trazia o cansaço da noite
e no peito os segredos que a mesma revela!
Sentou -se a vontade como outrora,
refestelando no longo divã
as carnes brancas, a face rosada,
os negros cabelos e os seios pueris.
Fitou-me com olhos de uma leoa:
austeros, profundos, fidalgos, severos.
Sondou minha alma em cada recôndito,
fazendo sentir -me figura anacrônica.
Atraiu-me a si,amarrou-me nos braços,
colocou-me ao seu lado e ficou a brincar
como o gato travesso com a presa atônita
que em lúdico baile resolve matar!
senti o seu ser antes que em mim chegasse,
estranhando esta vinda tão inexata:
sombras passadas não voltam atrás!
Veio vestida de gola e capuz,
em sobretudo bem impermeável,
nos passos trazia o cansaço da noite
e no peito os segredos que a mesma revela!
Sentou -se a vontade como outrora,
refestelando no longo divã
as carnes brancas, a face rosada,
os negros cabelos e os seios pueris.
Fitou-me com olhos de uma leoa:
austeros, profundos, fidalgos, severos.
Sondou minha alma em cada recôndito,
fazendo sentir -me figura anacrônica.
Atraiu-me a si,amarrou-me nos braços,
colocou-me ao seu lado e ficou a brincar
como o gato travesso com a presa atônita
que em lúdico baile resolve matar!
sábado, 5 de dezembro de 2009
Noite Fria
Fez o velho frio,
o frio de sempre,
cansado, dolente,
ansioso e ardente.
A alma que tiritava
era a mesma:
dormia, sonhava,
imersa em dor
que de tanto sentir
já se acostumara,
tornando a mazela
a pátria ordinária!
o frio de sempre,
cansado, dolente,
ansioso e ardente.
A alma que tiritava
era a mesma:
dormia, sonhava,
imersa em dor
que de tanto sentir
já se acostumara,
tornando a mazela
a pátria ordinária!
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