segunda-feira, 26 de setembro de 2011

MARINHEIRO DE MIM


Sou marinheiro de mim,
navegando em mares revoltos:
ora perisitndo,
ora sucumbindo,

as vezes insistindo,
por vezes me entregando,

muitas vezes desistindo,
outras tantas alcançando,

cochilando em calmaria,
acordando após naufrágios....

AGONIA

Ébrio caminho.
Caminho ébrio,
sem outros ébrios
no caminho.

Cá no peito me pulsam
todos os brios.
Quero, quero
e não consigo.

Projeto palvras,
lavradas no peito,
que chegam ao cérebro
e param na boca.

Persigo meus sonhos,
deliro com eles,
acordo sem tê-los
jamais construido.

Eu vivo já morto
e morro vivendo.
Vivo absorto,
absorvendo ao morto
o que ainda tenho de vivo.

sábado, 24 de setembro de 2011

O CAVALEIRO DO SOL


Concerto do vento em fúria.
Baile dos pingos grossos da chuva.
Gritos perdidos, inclusos na tecitura.
Lágrimas de estrelas cadentes.

Para onde foi o homem sentado na pedra?
Depois que se fez calmaria,
sumiu sem deixar mais notícias!
Levou-o o silêncio da história.

Ópera do Sol em brandura.
Clara luz branca,
a ofuscar os olhos,
de quem não tem costume
de enxergar a luz.

Quem é aquele que vem,
trazendo numa mão uma bandeira,
no braço escudo imponente,
montando veloz alazão?

É aquele outrora esquecido,
de existência outrora invisível;
volta agora do mundo dos vivos,
porque os mortos o tinham negado.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

PEOMETO AO ÁGAPE

Sou um caos que deseja a ordem.
Se sou ordem desejo o Céu.
Quando céu, quero todo o Ágape.
E no Ágape me perderei.

Se derramas no mar uma gota,
como podes tirá-la dele?
Se ao chover ela vai distante,
com o rio dos penitentes
correrá para o Mar que é Ômega,
para nunca mais sair D'Ele.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

OÁSIS


Bebi da fonte
o bálsamo,o beijo
que do frontispício,
dos libados lábios,
escorriam cálidos.

Tinha sede,
vinha sôfrego,
quase morto
pela dor
de sua ausência.

Inclinei-me,
Deleitei-me,
e sorvi
sem cerimônia
aquele vinho.

Embriaguei-me,
enlevei-me,
enleei-me
com a cica
do carinho

E dormi
extasiado,
abandonado,
em doce estado
de plenitude!

ENIGMA


Antes o verso,
hoje a Metáfora,
amanhã o anteverso,
a botar fora o nexo,
a pular as etapas.

Não fique perplexo,
abra os braços
e acolha a verdade
com forte amplexo.

Beije sua face,
sinta seu corpo,
e deixe o perfume
lhe enlevar.

Vibre e acenda,
queime e veja
na luz desprendida
a buscada senda

UM ADEUS!


Vou -me embora Fausto!
Não queira saber onde vou!
Irei pelas sendas da noite,
buscando minha trilha antiga.

Cuidai, para mim, da Diúrnia.
Não deixe morrer o jardim.
E à Setembrina não conte,
que para a Notúrnia voltei.

Não fique zangado comigo,
é necessário partir;
sinto-me velho e cansado,
preciso involuir.

E quando voltar serei jovem,
não mais como agora o sou,
trarei na minha face o sol
e no Coração puro amor!

A SAGA DO MENTECAPTO


Um sorriso pálido,
uma camisa rôta,
dois sapatos velhos,
desbotada calça.

Invisibilidade,
invisivel idade,
e a habilidade
de ver o essencial.

Aberto para poucos,
fechado para inúmeros,
desligou-se dos números
que criam os invisiveis.

Seguindo a solidão
entrou em outros mundos,
por portas que os "sábios"
jamais imaginaram!

Olhou por outros ângulos,
seguiu sendas secretas,
encontrou outros "párias"
há muito ali chegados!

E rogou - lhes o perdão,
com o rosto por terra, prostrado,
por ter se distraído,
por ter se atrasado!

sábado, 10 de setembro de 2011

UM ENCONTRO

Caminho noturno,
plenilúnio,
brisa boa,
pressa nenhuma.

Cricrilares,
pios e cantos,
perfumes e silêncios,
enlevos, enleios e êxtases.

No jardim secreto ela estava,
a balançar-se no cipó de orquídeas,
que perfumavam sua atmosfera.

Como era belo o seu riso!
Era o sorriso do cândido infante
que de virtudes e intentos bons,
soa canção do coração que é puro.

Veio voando pousar nos meus braços,
com a alegria da feliz criança,
doce, inocente, santa e sincera.

E eu descansei dos males de minha vida,
como quem vê-se livre das algemas,
soltei suspiros e dormi tranqüilo
no colo branco de minha linda Tersa.