sexta-feira, 26 de agosto de 2011

PEQUENA BIOGRAFIA DE ÍCARO

Do cadinho ardente,
tirei o metal
do meu exoesqueleto.

Da estrelas cadentes,
fui roubar o fulgor
antes que se escondesse.

Aos primeiros fulgores,
fui pedir suas cores
e o conhecimento.

Desde então sou poeta,
que mergulha no Tudo
porque é quase nada
onde bara sua obra.

PEQUENA PRECE

Pedi ao vento que soprasse,
para não apagar a chama,
inflamando-a do ardor
em que crepita a saudade.

E o mistério do verbo fez-se:
brandura para meu calor,
ardor para manter a chama,
ternura para manter-me vivo.

domingo, 21 de agosto de 2011

PARA ELA


A beleza me fere
quando vem passear,
como brisa da tarde
por meus sentidos sedentos.

Deleita meus olhos de lince,
domina-me o olfato de cão,
enleva-me com a canção
que traz no sorriso inocente.

E deixa - me o corpo ardente
sem toque, carinho e beijo
que diga-me se ardo em delírio
ou vivo um sonho perfeito!

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

COMBATE AO SOFISMA


Da língua da serpente
saiu um sofisma,
melodioso canto
que enleou as mentes.

Espalhou-se pelos ares,
de luxúria encheu a terra,
corpos vivos de desejo
e as mentes de paixões.

Ardeu a sua febre pela noite.
Grassou slenciosa,
passou silenciosa
por esntre as frestas
das desprevenidas portas.

Eu vigiei á noite,
e pus-me em oração,
ardi também na febre
de imenso combatente.

Caí desfalecido
de preces e de súplicas,
de lutas e angústias
por ser um pobre homem...

domingo, 14 de agosto de 2011

TORRENTE


Pelos seixos rolados,
se foi o passado,
qual torrente fugidia,
absurda e repentina.

Em rompantes simétricos,
lúgubres e tétricos,
rápidos e enérgicos,
tristes e funéreos.

Mas, eu fiquei!

Estóico e intrépido,
trêmulo e cético,
sincero e sintético
qual um monumento!

Absorto e hirto,
transpassado e trasncendido,
hibernado e esquecido
da hora de acordar!

NÃO SEI FALAR, TENHO UMA PENA!



Aos lírios alécticos,
o que direi?
Não sei falar,
tenho uma pena!

Alheios lírios,
pelo caminho,
cantei em vão,
canções que eu tinha,
composto dentro
do coração.

Às falenas me dirigi!
Falenas velhas me ouviram,
mesmo tendo asas murchas
e carreira sem brilho.

CLAUSURA



Estou enclausurado em mim!

Sou o homem invisível,
fantasma nunca visto,
ser desencantado.

Estou enclausurado em mim!

Vejo os homens que passam lá fora,
sem ter momento ou hora,
fugindo da demora
da luta sem fim!

Estou enclausurado em mim!

Em mundo que me foi dado,
num mundo que me escolheu,
'passárgada' invisível,
'atlântida' indecifrável

Estou enclausurado em mim!

Mas vejo as estações,
percebo tempo vindouros,
escuto, ouço e perscruto,
orando, proclamo e professo!


Mas quem poderá me ouvir,
se sou um ser invisível,
carne como tua carne
e vida como a tua vida?

Estou enclausurado em mim!