terça-feira, 7 de setembro de 2010

PRANTO

O meu canto triste,
consola o meu peito seco,
chove no chão de dentro,
tórrido, agreste e negro.

Fecha o céu de dentro,
deixa o tempo escuro,
satura a umidade
das lágrimas pressentidas.

E cai qual uma enxurrada,
violenta,ligeira, intensa,
com absurda ânsia,
tomando de assalto o chão.

Mas volta assim como veio,
a evolar-se, desvanecendo-se
em doce calefação
nas espirais do vapor
que sobe ao céu
sem ser o mesmo.

PARÁBOLA

Máscara mágica,
cena vivida,
vívida cena,
ilusão cumprida.

Cara do povo,
face da vida,
uma face é dos outros,
a outra é a minha.

Metáfora plástica,
anáforas míticas,
compreendem os cegos,
mas nunca enxergam
os tem sua vista.

RESUMO

Perdida era,
guardada como aviso,
lia ela como livro,
haurindo suas respostas.

Nela eu era
personagem anacrônica,
construída só de signos,
mas sem significantes!

Sendo dantes,
vulto importante,
pelos atos em rompantes,
tornei-me nada mais
que mero figurante,

Rosto sem nome,
transeunte,
passante,
multidão,
ponto,
nada......