quarta-feira, 2 de maio de 2012

UM SONHO FEBRIL

Febre. Febre - da - tristeza. Convulsões frenéticas. Ânsias e suspiros. Vapores sobem ao ar infesto formando arabescos, docéis e platibandas, nichos e fachadas, portas e varandas. Arde. Arde até desfalecer. Falece. Falece até se esvair. Se esvai. Esvai até o precipício. De lá contempla os horizontes de um outro infinito. Um infinito interior. Interior infinito, de interno teor, teor insondável. Mar retirado, além - mar do além - mar ainda não cartografado, de línguas jamais ouvidas, porque puras e santas. Lá nesta terra foi deixado um coração de olhos nublados, que ainda espera na beira da praia o regresso da nau partida. Rosa selvagem. Filha sem mácula. Eva saudosa. Pássaro triste. Por entre as névoas sombra bisonha, qual a de um ébrio, toma contornos de vivo humano. E os olhos nublados raiam o dia, o dia esperado, ao verem nas formas do náufrago bêbado o amor esperado...

Um comentário:

  1. quando li, estava por coincidência ouvindo essa música:
    http://www.youtube.com/watch?v=GtrAkosVW9s&feature=related... foi fabuloso (no sentido original da palavra, feérico)

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