A velha sombra bateu em minha porta,
senti o seu ser antes que em mim chegasse,
estranhando esta vinda tão inexata:
sombras passadas não voltam atrás!
Veio vestida de gola e capuz,
em sobretudo bem impermeável,
nos passos trazia o cansaço da noite
e no peito os segredos que a mesma revela!
Sentou -se a vontade como outrora,
refestelando no longo divã
as carnes brancas, a face rosada,
os negros cabelos e os seios pueris.
Fitou-me com olhos de uma leoa:
austeros, profundos, fidalgos, severos.
Sondou minha alma em cada recôndito,
fazendo sentir -me figura anacrônica.
Atraiu-me a si,amarrou-me nos braços,
colocou-me ao seu lado e ficou a brincar
como o gato travesso com a presa atônita
que em lúdico baile resolve matar!
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