sexta-feira, 13 de abril de 2012

POEMA CRÔNICO III - O CONTEMPLADOR DE TEMPESTADES

Sou o contemplador de tempestades,
tenho sempre os olhos cheios de encanto,
vejo beleza onde ninguém a enxerga,
tenho meu prazer em entender o "caos"!

Nem toda ordem é entendida por todos.
Nem todo mundo é entendido pela ordem.
Nem todo entendimento é alcançado
pela ordem de todos.

Eu vi a beleza daquela que passou,
senti a desordem que sua beleza me causou,
nasceu em mim o desejo de apreender
o mero reflexo que consegui captar.

Oh rica tempestade! Oh rico turbilhão!
O contemplador é feliz
porque nela encontra mil mundos,
mil ângulos, o todo,
as partes, os perfumes,
os sabores, os humores,as canções,
o ódio, os amores e as ilusões:
névoas, sombras, delírios, moções!

Na tempestade há mil portas
para quem sabe enxergar!
Triste é o míope que não quer,
o ceticista convencido
e os acometidos de normose.

Fiz amizade com o caos,
o traí e transformei-o em ordem.
Fiz amizade com a ordem
e ela me traiu me devolvendo o caos.

Na tempestade há mil vozes que conversam,
redes inúmeras que se conectam
buscando consenso,
acertando nexos,
possibilidades
novas e inéditas.

Falam mil línguas em completa harmonia,
mil idiomas, mil fonemas, mil gramáticas,
mil expressões que o ser do humus só percebe
porque lhe afagam com carinho os ouvidos.

Como é bom na tempestade ser pequenino.
Não é vergonhoso, na mão de Deus, ser um menino.
Como é bom subir, degrau por degrau,
colhendo as lições que nunca se acabam.

Nenhum comentário:

Postar um comentário