sexta-feira, 4 de novembro de 2011

POEMA DA MOURA


Minha casa mourisca,
meus espinhos, minha vide,
minhas uvas, minha lide,
vinde e vede se existe.

Esta pele morena,
estes traços e dentes,
meus cabelos de noite,
não me fazem menor

que esta gente tão certa,
gente "civilizada",
que chama de bárbara
porque sou diferente.

O que teme esta gente?
À minha pele morena,
minha face serena,
meu olhar cor de mel,

aos meus passos cadentes,
meus quadris de serpente,
aos meus seios morenos,
perfumados de almíscar.

Temem ao meu silêncio,
e à minha ação,
ao meu raciocínio
e à minha canção.

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