quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

CANTIGA DA VEREDA

Vazio que fala.
Silêncio que pede.
Ausência que questiona.
Solidão que mede.

Caminho já ido.
E outro voltado.
O ido, aberto.
O Outro incerto.

A pequenina via que achei floresce.
Tenho ido só.
Tenho alegria,
mas nada me apetece.

Minha musa morta ainda é viva.
Minha companheira abandonei.
Vejo a minha musa e suspiro.
E à companheira não mais tenho.

Vou refazendo minha via estreita.
Calçando de novo os paralelepípedos,
erguendo as pontes,
plantando as flores.

Voltar e refazer já não o posso.
Caminho mas pareço não chegar.
Esta pequena via me ensina:
"Colhei as alegrias deste dia!"

Anelo grandes sonhos que não vejo.
Suspiro e me ponho a imaginar,
tentando pôr as coisas nesta fôrma,
frustrado, não consigo encaixar.

Cansado durmo á sombra dos abrigos;
embala-me a brisa da tardinha
a rede perfumada pelos lírios,
cantando as canções de sossegar.

A noite, qual uma mãe,
em si,me envolve;
atenta ao menor de meus ruídos,
cuidando pra ninguém me acordar.

O dia me alimenta de esperança,
a mente descançada me faz ver,
os meus sete sentidos me encantam
e os meus "pezinhos" lépidos covidam
a nova caminhada empreender.

E rezo para que não chegue a tarde
ou cantem as aves do anoitecer,
rogando, peço a Deus que chegue logo,
O Céu que ele quer ver acontecer!

Um comentário:

  1. "A noite, qual uma mãe,
    em si,me envolve;
    atenta ao menor de meus ruídos,
    cuidando pra ninguém me acordar"
    ACHEI LINDA ESSA PARTE!

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